O preconceito contra o vinho brasileiro ainda é muito comum, principalmente devido à baixa difusão de bons vinhos produzidos aqui no mercado, gerando desconhecimento. Porém, a cada ano a produção nacional ganha mais força e segue aumentando suas vendas, tanto no mercado interno, quanto no externo. Segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), foram produzidos 340 milhões de litros só em 2017 – um crescimento de 169% em relação ao ano anterior.
Hoje falaremos sobre as principais regiões brasileiras produtoras de vinhos. Esperamos que gostem do conteúdo e se permitam experimentar mais vinhos nacionais!
Vitivinicultura Brasileira
O Brasil possui grande variedade de climas e solos aptos à produção vitivinícola, ofertando, assim, um leque de opções aos produtores e uma gama de diferentes tipos de vinhos. A tradição europeia, trazida ao Brasil pelos imigrantes, aliada aos investimentos em inovação, resultou em vinhos tipicamente brasileiros com personalidade própria. Produzimos aqui vinhos tintos, brancos, rosés e espumantes (tradicionais e moscatéis), que já ganharam prêmios internacionais, se equiparando a grandes rótulos de países como França e Itália.
Embora até há pouco a jovem vitivinicultura brasileira estivesse concentrada na Serra Gaúcha (a maior e mais tradicional região vitivinícola brasileira) e mais alguns pequenos núcleos, atualmente a área de produção vitivinícola no Brasil soma 79,1 mil hectares, divididos principalmente entre 6 regiões. Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho (IBRAVIN), existem no país cerca de 1,2 mil vinícolas, 61% das quais estão localizadas no estado do Rio Grande do Sul e outras 30% dividem-se em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Pernambuco e Bahia.
Principais regiões vitivinícolas brasileiras
Planalto catarinense (SC)
São Joaquim e Bom Retiro foram os municípios escolhidos para iniciar a vitivinicultura na região catarinense no início dos anos 2000. Baixas temperaturas, altitude elevada e solos pedregosos isentos de matéria orgânica caracterizam um terroir propício para o cultivo de uvas viníferas que resultam em vinhos mais encorpados.
Campos de Cima da Serra (RS)
Nesta região, localizada ao extremo norte do Rio Grande do Sul, a 1000m de altitude, o clima frio leva as uvas à maturação lentamente, originando vinhos de alta qualidade das variedades Cabernet Sauvignon e Merlot. Diversas vinícolas estão instaladas na região, entre elas Fazenda Santa Rita, Aracuri e Vinícola Campestre.
Serra gaúcha (RS)
Essa região era o único pólo brasileiro de vinhos finos nos anos 70. Responsável por 90% do vinho produzido no Brasil, a Serra Gaúcha tem como centro o município de Bento Gonçalves, onde se encontra o Vale dos Vinhedos, e inclui outros municípios importantes como Garibaldi, Caxias do Sul e Flores da Cunha. A região encontra-se em altitudes entre 400 e 600 metros, solos areno-argilosos ácidos e a elevada pluviosidade. Os espumantes e os tintos são os destaques da região, que tem Casa Valduga, Salton e Miolo entre suas vinícolas.
Campanha gaúcha (RS)
Tendo os pampas como paisagem típica, a região fronteiriça do Brasil com o Uruguai apresenta terrenos planos e altitudes baixas, entre 100 e 200m acima do nível do mar. O clima é temperado com verões quentes e secos, menos chuvosos que a Serra Gaúcha. Os terrenos são medianamente férteis, o que leva, em geral, a vinhos menos estruturados.
Os vinhedos fronteiriços produzem uvas Tannat, Cabernet Sauvignon e Merlot entre as tintas e Riesling, Chardonnay e Gewürztraminer entre as brancas. Nos municípios de Bagé e Candiota foram aclimatadas as castas portuguesas Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz.
Serra do Sudeste (RS)
Esta região é um prolongamento da Campanha Gaúcha e inclui as localidades de Pinheiro Machado e Encruzilhada do Sul. Área de clima temperado, altitude mediana (cerca de 600m) e solos graníticos, a serra se mostrado adequada para o cultivo de uvas nobres tintas, como Cabernet Franc e Merlot; e brancas como Sauvignon Blanc e Malvasia.
Vale do São Francisco (BA/ PE)
O Vale do São Francisco é composto por 503 municípios dispostos entre Bahia e Pernambuco. Por conta do clima semi-árido, do sol forte e das chuvas escassas, o cultivo de videiras na região só foi possível graças à irrigação com a água do rio. Seus solos areno-argilosos permeáveis formam um terroir bastante peculiar e têm se mostrado adequados para a aclimatação de videiras como Moscatel, Cabernet Sauvignon e Syrah. Na localidade de Santa Maria da Boa Vista, no lado pernambucano, a empresa Vinibrasil elabora vinhos tintos, roses, brancos e espumantes da linha Rio Sol. No município de Casa Nova, no lado baiano, as empresas Miolo e Lovara produzem brancos secos, brancos doces, tintos e espumantes da marca Terranova. Sem deixar de lado a marca Boticelli, pioneira de Santa Maria, onde também estão aclimatadas a Tannat, a Petit Syrah e a Ruby Cabernet.