Você provavelmente já ouviu essa expressão “quanto mais velho, melhor o vinho”, certo?
E ela certamente foi dita por alguém que não entende tanto assim sobre vinhos.
Uma crença antiquada
A crença sobre a superioridade dos vinhos envelhecidos, que perdura até hoje em dia, é muito antiga e está relacionada ao antigo processo de produção que, durante milênios, fazia com que os vinhos jovens, recém-fermentados, fossem “duros”, tânicos e difíceis de beber.
No entanto, os séculos passaram e, com as novas técnicas de produção e mais conhecimentos sobre a videira, a uva, as leveduras, o envelhecimento em barricas, os vinhos tornaram-se muito bons já assim que chegam aos mercados. Antigamente, nem sempre as uvas eram colhidas no ponto exato de maturação, por exemplo, prática que agora é impensável! Além disso, diversos outros processos da produção foram refinados e contribuem para que tenhamos excelentes vinhos jovens.
Envelhecimento X Maturidade
As pessoas que costumam dizer que vinhos mais velhos são melhores, geralmente confundem o conceito de maturidade com o de envelhecimento. Um vinho maduro é aquele que atingiu seu auge e está em seu melhor momento de consumo. Atualmente, a ampla maioria dos rótulos é planejada para ser consumida jovem, dentro de um ou dois anos depois de lançada. Eles são produzidos de forma que estejam maduros e equilibrados em taninos, acidez e aromas, logo de início. Para esses vinhos, o tempo não é capaz de fazer com que ganhem nada, apenas percam.
Por isso, consideramos a crença sobre a superioridade dos vinhos envelhecidos um mito.
Outra evidência disso é o fato de que menos de 10% dos vinhos produzidos atualmente no mundo são de guarda, ou seja, produzidos para o envelhecimento.
O famoso crítico Robert Parker chegou a escrever sobre isso: “É importante ter uma definição do que significa envelhecer um vinho. Eu defino o processo como nada mais do que a habilidade de, com o tempo, o vinho: 1- desenvolver mais nuances prazerosas, 2- expandir-se e se suavizar em textura e, para os tintos, exibir uma dissolução adicional de taninos e, 3- relevar aromas e sabores mais atraentes. Em suma, o vinho precisa entregar uma complexidade adicional, maior prazer e gerar mais interesse do que quando lançado”.
Uma questão de gosto
O que queremos deixar claro aqui é que: vinhos mais velhos não necessariamente são melhores. Eles podem ser, dependendo de vários fatores, inclusive o paladar de quem o degusta.
Para quem deseja sentir aromas completamente diferentes, apreciar a evolução da coloração e experimentar o que o tempo pode fazer aos taninos, os vinhos envelhecidos são recomendados. Para aqueles que gostam de tons frutados tanto na boca quanto no nariz, a exuberância da cor (nos tintos), a gostosa adstringência dos taninos, a refrescância da acidez em seu auge, os vinhos jovens são a melhor escolha.
Concluímos que o vinho melhora com a idade, sim. Com a nossa idade. Pois quanto mais velhos ficamos, mais gostamos deles!